Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco. Preciso trazer também estas. João 10:16

O livro de Daniel é especial por vários motivos. Além de seu aspecto profético, ele se destaca como um manual ético para crentes que vivem em um mundo secularizado. Daniel e seus amigos enfrentaram uma das experiências mais desafiadoras em um contexto hostil e, ainda assim, permaneceram fiéis.

Daniel não comprometeu seus princípios religiosos, mesmo cercado por pagãos e outros judeus que, certamente, não foram tão firmes de caráter. É, no mínimo, estranho que, em uma leva de jovens conduzidos para a Babilônia, tenhamos registro de apenas quatro recusando a comida do rei. No entanto, Daniel e seus companheiros não negociaram sua fé.

Em contrapartida, é interessante notar que o livro de Daniel é o mais inclusivo de todos. Sua linguagem é propositalmente universalista. Ele evita o uso do nome sagrado Javé, que daria uma conotação do Deus pessoal dos judeus, preferindo chamá-Lo de ’Elohim, que era um termo mais universal. Ele não menciona “Deus de Israel”, mas, sim, “Deus do Céu”. A firmeza de seu judaísmo não o levou a tratar o Senhor como propriedade exclusiva dos judeus; em outras palavras, ele manteve a identidade sem apelar para a xenofobia.

Talvez por isso, Daniel pôde reconhecer pessoas sinceras em Babilônia e ter a simpatia delas. O chefe dos eunucos, o chefe da cozinha, o chefe da guarda, até o rei da nação, todos procuraram ajudar Daniel e seus amigos, indicando que não eram adolescentes chatos. Claro que também houve oposição ao profeta; no entanto, Daniel entendeu que ser diferente não significava ser esquisito.

Como profeta, ele não perdeu a noção de pertencer ao “povo eleito” e, ao mesmo tempo, de ver a ação de Deus em outros povos. Por isso, sua profecia é tão universal. Ela antecipa, de certa forma, o que João descreveu no Apocalipse: “Caiu! Caiu a grande Babilônia! […] Saiam dela, povo Meu” (Ap 18:2, 4). Daniel e Apocalipse não se limitam a denunciar os crimes de Babilônia, mas reconhecem a presença do povo de Deus dentro dela.

Seria um erro terrível desconsiderar os sinceros de Deus que estão fora do ambiente religioso ao qual pertencemos.

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